Dia da Música Regional Beradeira: entenda por que 8 de dezembro foi escolhido como a data de celebração


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Na efervescência dos acordes que ecoam pelas margens dos rios, a cidade de Porto Velho celebra nesta sexta-feira (8) o dia municipal da Música Regional Beradeira, reconhecido por lei municipal.
A celebração nesta data tem um significado especial: 8 de dezembro é quando seria comemorado o aniversário de Silvio Santos, renomado entusiasta da cultura, popularmente chamado de Zé Katraca.
Zé Catraca teve uma grande influência nas festividades regionais e foi um dos fundadores da Banda do Vai Quem Quer. Ele morreu aos 74 anos, em 2021, vítima da Covid-19.
Ao longo dos anos, a música regional beradeira tem se firmado como uma poderosa expressão cultural, enraizada nas tradições e experiências dos habitantes das comunidades à beira dos rios que cortam Porto Velho. As letras carregam consigo o peso das vivências, destacando a resiliência e a beleza da vida ribeirinha.
Nesse contexto, o Dia da Música Regional Beradeira surgiu como um tributo a essas narrativas sonoras, uma oportunidade para reconhecer e valorizar a riqueza cultural que flui ao ritmo das águas.
VIROU LEI
Em agosto deste ano, o Projeto de Lei (PL) nº 4508/2023, do vereador Aleks Palitot (PTB), propôs a criação e ‘oficialização’ do Dia Municipal da Música Regional Beradeira. O texto já foi sancionado pelo prefeito, Hildon Chaves.
A lei municipal estabelece que a data tem como principal objetivo valorizar letras que trazem o reconhecimento dos povos que vivem e sobrevivem nas comunidades ribeirinhas de Porto Velho.
Ao g1, Aleks Palitot, vereador e historiador, conta que a palavra “beradeiro” era tratada de forma pejorativa no início, pois remetia à “pessoa que não sabia se portar em comunidade civilizatória”. Mas com o passar do tempo os moradores começaram a ter orgulho de ser chamado de beradeiro.
Ainda segundo o historiador, a música regional beiradeira é aquela que aborda a cultura dos povos originários e das populações tradicionais, destacando a vida daqueles que dependem da terra para sua subsistência.
” Música beradeira é a música que fala sobre o rio, fala sobre a Amazônia, a floresta, os povos tradicionais, fala sobre personagens da nossa cidade e o cotidiano da nossa história”, completa Aleks.
O músico e compositor Samuel Béra, da Cultura Beradeira, enfrentou desafios ao iniciar a ideia de explorar a identidade regional por meio da música. A tarefa não foi fácil, pois ele teve que lidar com as dificuldades relacionadas à maneira como as pessoas que se identificavam como beradeiras eram tratadas.
Apesar das adversidades, o músico persistiu em criar músicas que destacavam o aspecto ancestral e o orgulho de ser beradeiro. Essas letras passaram a ser reconhecidas pela comunidade beradeira e pelos meios culturais.
Esse reconhecimento virou um movimento, chamado de “MPBéra” ( Música Popular Beradera) e ganhou outros espaços, como o teatro, dança e poesia
Músico Samuel Béra durante apresentação de performace
Acervo pessoal/Samuel Béra
Para Samuel, 8 de dezembro é uma data de grande importância para o reconhecimento da cultura popular regional, pois ela traz, de fato, o reconhecimento que antes era apenas ‘informal’.
“Hoje somos reconhecido formalmente como músicos da vanguarda da Música Regional Beradeira”, diz Samuel.

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